Começamos
a viver a Quaresma, tempo de penitência e de preparação para a Páscoa da
Ressurreição.
O
início da Quaresma é marcado pela quarta-feira de cinzas. A partir de então,
começaremos a ouvir falar de "cinzas" e "pó" várias vezes
durante esses quarenta dias que deveriam ser de recolhimento, reflexão e
penitência.
Não
é de agora que, em certas situações, estes dois termos são lembrados nos meios
religiosos, mesmo antes do cristianismo. O costume de se usar vestes
penitenciais e de cobrir a cabeça com cinzas, exprimindo dor, luto e em sinal
de penitência, já era comum na antiguidade.
Vamos
conferir nas Sagradas Escrituras algumas citações. Depois, quando recebermos as
cinzas na quarta-feira, lembremos que assim agindo estaremos nos ligando a um
costume milenar, uma tradição encampada pela Igreja e que expressa uma verdade
que muitas vezes teimamos em tentar esquecer: "Tu es pó e em pó te hás de
tornar". Pois, "Deus formou o homem com o pó da terra" (Gn 2,
7).
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Abraão confessa a Deus sua consciência de ser limitado e frágil: "Apesar
de eu ser apenas pó e cinza, atrevo-me, Senhor, a convosco falar" (Gn 18,
27). E isso se prolonga por toda a história de Israel;
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Assim diz o Salmo 17: "pó e cinza são todos os homens" (Sl 17, 32);
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O salmo 104 ensina: "Todos morrem e voltam ao pó" (Sl 104, 29)
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E no livro do Eclesiastes lemos: "...todos caminham na mesma direção e
meta: todos saíram do pó e todos voltarão ao pó" (Ecl 3, 20);
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Implorando os israelitas o auxílio Divino contra Holofernes, puseram
"cinza sobre a cabeça" (Jdt 4, 16).
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E ainda encontramos no livro de Jó: "arrependo-me no pó e na cinza."
(Jó 42, 6).
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Nosso Senhor Jesus Cristo, referindo-se às cidades de Corazin e Betsaida, fez
alusão a esse costume do mundo oriental: "Se em Tiro e Sidônia tivessem
sido realizados os milagres que em vós se realizaram, há muito tempo se teriam
convertido, vestindo-se de cilícios e cobrindo-se de pó" (Mt 11, 21).
Por Emílio Portugal Coutinho
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