quarta-feira, 20 de abril de 2011

SEMANA SANTA: simbolos e significado

- A Igreja propõe aos cristãos os sagrados mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus, tornado Homem, para no martírio da Cruz e na vitória sobre a morte, oferecer a todos os homens a graça da salvação.

Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos dá início à Semana Santa e lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pelos judeus.A Igreja recorda os louvores da multidão cobrindo os caminhos para a passagem de Jesus, com ramos e matos proclamando: “Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Lc 19, 38; Mt 21, 9). Com esse gesto, portando ramos durante a procissão, os cristãos de hoje manifestam sua fé em Jesus como Rei e Senhor.

Quinta-feira Santa

Celebramos a Instituição do Sacramento da Eucaristia. Jesus, desejoso de deixar aos homens um sinal da sua presença antes de morrer, instituiu a eucaristia. Na Quinta-feira Santa, destacamos dois grandes acontecimentos:

Bênção dos Santos Óleos

Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia. O motivo de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os seguintes óleos:

Óleo do Crisma - Uma mistura de óleo e bálsamo, significando a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. É usado no sacramento da Confirmação (Crisma), quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento para ungir os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.

Óleo dos Catecúmenos - Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.

Óleo dos Enfermos - É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como “extrema unção”. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.

Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés

Com a Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde de quinta-feira, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na qual Jesus Cristo, na noite em que vai ser entregue, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem, mandando-lhes também oferecer aos seus sucessores. Nesta missa faz-se, portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Durante a missa ocorre a cerimônia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus na Última Ceia, quando lavou os pés dos seus apóstolos.O sermão desta missa é conhecido como sermão do Mandato ou do Novo Mandamento e fala sobre a caridade ensinada e recomendada por Jesus Cristo. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento ao altar-mor da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda a noite.

Sexta-feira Santa

Celebra-se a paixão e morte de Jesus Cristo. O silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia que, ao contrário do que muitos pensam, não deve ser vivido em clima de luto, mas de profundo respeito diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. Às 15 horas, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. Depois deste momento não há mais comunhão eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo.

Sábado Santo

No Sábado Santo ou Sábado de Aleluia, a principal celebração é a “Vigília Pascal”.

Vigília Pascal

Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “a mãe de todas as santas vigílias”, porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia eucarística.

Domingo de Páscoa

A palavra “páscoa” vem do hebreu “Peseach” e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos judeus do Antigo Testamento. A Páscoa que eles comemoram é a passagem do mar Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, onde era escravo. Chegando às margens do Mar Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó teriam de atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por onde o povo passou. Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos. Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus, na Sexta-Feira, transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São celebradas missas festivas durante todo o domingo.

A data da Páscoa

A fixação das festas móveis decorre do cálculo que estabelece o Domingo da Páscoa de cada ano. A Páscoa deve ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que segue o equinócio da primavera, no Hemisfério Norte (21 de março). Se esse dia ocorrer depois do dia 21 de abril, a Páscoa será celebrada no domingo anterior. Se, porém, a lua cheia acontecer no dia 21 de março, sendo domingo, será celebrada dia 25 de abril. A Páscoa não acontecerá nem antes de 22 de março, nem depois de 25 de abril. Conhecendo-se a data da Páscoa, conheceremos a das outras festas móveis. Domingo de Carnaval - 49 dias antes da Páscoa. Quarta-feira de Cinzas - 46 dias antes da Páscoa. Domingo de Ramos - 7 dias antes da Páscoa. Domingo do Espírito Santo - 49 dias depois.Corpus Christi - 60 dias depois.

Símbolos da Páscoa

Cordeiro: O cordeiro era sacrificado no templo, no primeiro dia da páscoa, como memorial da libertação do Egito, na qual o sangue do cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogênitos. Este cordeiro era degolado no templo. Os sacerdotes derramavam seu sangue junto ao altar e a carne era comida na ceia pascal. Aquele cordeiro prefigurava a Cristo, ao qual Paulo chama “nossa páscoa” (1Cor 5, 7).
João Batista, quando está junto ao Rio Jordão em companhia de alguns discípulos e vê Jesus passando, aponta-o em dois dias consecutivos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jô 1, 29 e 36).Isaías o tinha visto também como cordeiro sacrificado por nossos pecados ( Is 53, 7-12). Também o Apocalipse apresenta Cristo como cordeiro sacrificado, agora vivo e glorioso no céu. ( Ap 5,6.12; 13, 8).

Pão e vinho: Na ceia do Senhor, Jesus escolheu o pão e o vinho para dar vazão ao seu amor. Representando o seu corpo e sangue, eles são dados aos seus discípulos para celebrar a vida eterna.

Cruz: A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo. No Conselho de Nicéia, em 325 d.C., Constantino decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo. Símbolo da Páscoa, mas símbolo primordial da fé católica.

Círio Pascal: É uma grande vela que é acesa no fogo novo, no Sábado Santo, logo no início da celebração da Vigília Pascal. Assim como o fogo destrói as trevas, a luz que é Jesus Cristo afugenta toda a treva do erro, da morte, do pecado. É o símbolo de Jesus ressuscitado, a luz dos povos. Após a bênção do fogo acende-se, nele, o Círio. Faz-se a inscrição dos algarismos do ano em curso; depois cravam-se cinco grãos de incenso que lembram as cinco chagas de Jesus, e as letras “alfa” e “ômega”, primeira e última letra do alfabeto grego, que significam o princípio e o fim de todas as coisas.

Ir. Ili AlvesCoordenadora diocesana da Catequese da Diocese de Palmas -Francisco Beltrão

Semana Santa - A Grande Semana...

A belíssima frase que entitula este artigo é atribuída a São Padre Pio de Pietrelcina, o santo capuchinho que durante 50 anos viveu estigmatizado elevando a todos com seus conselhos e milagres, especialmente através do Sacramento da Confissão. Ninguém mais abalizado que ele para afirmar algo tão verdadeiro e tão moderno.
Sabemos como o Senhor esvaziou-se de sua divindade e fez-se pequeno, fez-se homem, fez-se pobre de todos os bens do céu para tornar-nos ricos de sua riqueza, como diz Paulo em Coríntios. Sabemos, também, quantos milagres ele realizou, quantos mortos ressuscitou, quantas vezes a natureza terrestre e angélica se prostrou, em obediência, a seus pés através do mar, dos ventos, das curas, dos exorcismos.


Naturalmente, todos desejamos seguir Jesus, ser como ele, viver a vida dele, com os seus pensamentos, seus sentimentos, seu amor ao Pai e aos homens. Esse desejo santo, contudo, tende a estar mais atento aos milagres e prodígios do que à paixão e à cruz. Queremos, certamente, ser como Jesus é: o Deus das maravilhas, o Filho do homem enquanto amado e seguido por muitos que, em seu tempo, iam atrás dele fosse onde fosse... exceto à cruz.
Mesmo seus discípulos mais fiéis, aqueles a quem escolhera e chamara pelo nome, com eleição eterna e eterno afeto, mesmo esses o abandonaram na cruz, com exceção de João. É que muitos naquela época, como muitos hoje, buscam o Senhor pelo que ele lhes pode dar e não pelo que eles podem “dar” ao Senhor. Buscam o Senhor em sua glória, mas fogem em sua cruz.
Para entendermos bem esse mistério de troca de amor, é preciso saber que o Senhor assumiu nossa humanidade e jamais irá separar-se dela. Jesus, para sempre e sempre, é Deus e homem. É também, cabeça da Igreja, isso é, nossa cabeça, aquele a quem seguimos. Isso, somado ao milagre cotidiano da Eucaristia, significa que o Senhor que se fez carne, partilha conosco toda nossa vida: sofrimentos e alegrias, dores e felicidade.
A partilha entre os que se amam jamais é unilateral. É exatamente porque Jesus nos ama que partilha conosco sua glória: as curas, os milagres, as ressurreições no corpo e na alma, na Igreja, na sociedade, na natureza. A maior e mais nobre das partilhas, porém, a partilha de sua paixão e cruz é o fundamento mesmo de seu amor por nós e do nosso por ele.
Ao encarnar-se, assumiu para si nossa maior podridão, nossa mais poderosa fonte de sofrimento e causa de nossa morte: o pecado. Sem jamais ter pecado, tomou sobre si, em sua paixão e cruz, todo o sofrimento e morte que o pecado havia feito entrar no mundo. O resultado foi sua morte na cruz e sua ressurreição.
Nós, como corpo de Cristo, somos chamados a amá-lo e ser corpo de seu corpo, alma de sua alma, esposa, Igreja. O amor consiste em estar presente tanto na gloria quanto na dor. É verdade que nossos atos de amor a Cristo não acrescentam nada à sua cruz. Entretanto, acrescentam – e muito – à nossa salvação e à do mundo. É nesse sentido que São Paulo diz: “Suporto em minha carne o sofrimento que faltou à cruz de Cristo”.
Em nossa vida, não precisamos buscar sofrimentos, não é verdade? Eles simplesmente nos alcançam de todas as formas, como consequência do pecado que marcou toda a criação. A grande boa nova é que podemos, pela cruz de Cristo, nos libertar desse sofrimento exatamente como ele mesmo se libertou: escolhendo livremente sofrer a dor que se nos apresenta não mais sozinhos, mas com ele e com o Pai e tomando, com ele, nossa cruz. Mas atenção: o sofrimento só se transforma em cruz em três condições: primeira, que transformemos a dor que nos atinge em dor livremente escolhida e acolhida por nós por amor a Cristo e à humanidade; segunda: que o unamos à cruz de Cristo, que vence o pecado, a dor e a morte; terceira, que o transformemos em ato de amor a ele e aos homens que ainda não o conhecem, isto é, que o amam e obedecem.
O mais lindo nessa história toda é que, ao buscarmos Cristo não somente em sua glória, mas também em sua cruz, seremos dignos dela e dele. Ou seja, viveremos uma vida de entrega de amor a Cristo por amor ao homem. O belo, porém, é que ao abraçar a cruz de Cristo através de nossos sofrimentos de cada dia, do menorzinho ao maior de todos, estaremos caminhando ... para a sua glória.
Isso mesmo! O caminho para a glória de Cristo e do céu é a cruz. É unir-se a ele através do amor, abraçando por amor o sofrimento que ele abraçou em sua paixão. Não há outro caminho para a glória. E não há glória autêntica que não seja a de Cristo. É por isso que, com razão, o santo diz: se só busca a Cristo em sua glória, então, não és digno de sua cruz. O contrário também é verdadeiro: se buscas a Cristo em sua cruz, serás digno de sua glória.
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por Maria Emmir Nogueira, Co-fundadora da Comunidade Shalom *

Comunidade Shalom